Igreja Matriz: Um pouco de sua história
A monumental Igreja em louvor a São Fidélis de Sigmaringa, mártir franciscano, teve início em 1799, orientada pêlos monges construtores, frei Vittório de Cambiasca, frei Angelo de Lucca e frei Thomaz Civitta de Castella e aberta ao culto em 1809. Em tomo da Igreja foram erguidas 40 rústicas choupanas.
A obra da Igreja, sempre interrompida em época de moagem da cana-de-açúcar, foi sustentada com taxas cobradas sobres às terras da aldeia de Santo António de Guarulhos (Campos dos Goytacazes), já ocupadas por brancos, mas que antes haviam sido dos índios. Colaboraram com a obra várias famílias de Campos e fazendeiros com terras próximas à Aldeia que cooperaram com escravos, bois, mestre de obra, oleiros, serralheiro e dinheiro.
O monumental templo chamou a atenção pela grandiosidade da obra, principalmente pela sua cúpula. Em linhas arquitetônicas de reflexo italiano, de gosto toscano em sua construção em cruz. O barroco italianizado predominou na colônia durante o governo de D. João V em Portugal, na primeira metade do século XVIII, quando as paredes ganharam curvas, as volutas apareceram nos frontispícios. Nas talhas, os retábulos utilizavam novos ornamentos como o baldaquino e a coluna salamônica. As esculturas ganharam maior leveza e nos forros do teto foram empregadas pinturas em perspectiva ilusionista.
A cúpula foi construída em Fevereiro de 1806. Não possui nenhuma estrutura de ferro e nem de madeira. É toda feita com tijolos presos entre si por uma massa composta de barro e óleo de baleia. A cúpula foi considerada por engenheiros, arquitetos e artistas, como a mais notável do Brasil Colonial.
Curiosamente, seu campanário, separado do corpo da Igreja e sua fachada, que reflete a transição do renascimento para o barroco, parece terem sido inspirados; o primeiro na catedral de “Santa Maria Del Fiore” em Florença e o segundo na “Igreja de Jesus em Roma , sendo esta uma construção jesuíta.
O major Henrique Luiz de Niemeyer Belegard, engenheiro do Império, esteve em Campos em 1837, objetivando levantamentos para obras de melhorias no município, principalmente nas estradas e drenagem das áreas alagadiças. Indo a São Fidélis, se encantou com a grandiosidade do templo para um lugar tão simples. Pede então em relatório, a atenção do Governo Provincial para a restauração “dessa interessante Igreja” que se encontrava abandonada e em ruínas.
Nele Bellegard explicou que os padres usaram o saibro, espécie de argila da região, misturada a pequenas quantidades de cal e areia para fazerem o altar, a pia batismal e os tijolos de 3 palmos de espessura. Mas as obras de restauração só foram iniciadas por volta de 1845, depois da Igreja ter sido elevada a Matriz, tendo sido concluída em 1852. Mesmo assim as obras não foram completas e radicais, logo voltando a apresentar rachaduras que provocaram novos estragos.
Provavelmente a maior reforma já executada foi a partir de 1962, realizada sob a orientação do Dr. Ruy Seixas, com recuperação das abóbadas, colocação de vitrais e painéis de azulejo em substituição a pintura de fundo do altar principal, e embora tenham descaracterizado o templo em sua fachada, conseguiram manter quase intacta a área interna e a Igreja pôde resistir como marco da arquitetura brasileira.
Em 1966, São Fidélis enfrentou sua pior enchente (Foto Acima). Naquele ano, o Rio Paraíba do Sul chegou a passar por cima da Ponte Metálica, e atingindo grande parte do município.
O subsolo da Igreja Matriz ficou cheio de terra e lama, e com isso, as catacumbas construídas para enterrar corpos de índios e da Irmandade Religiosa, não foram usados.
Um marco para a cidade e a Igreja, foi a primeira visita de D. Pedro Primeiro, que aconteceu em 1847, cena retratada nuns dos vitrais do monumental templo (Foto ao Lado).
Em 2009, a Igreja Matriz completou seus 200 anos de muita história contada em prosa e versos, que ultrapassou as fronteiras fluminenses. Uma série de eventos e de atividades religiosas foram feitas em celebração aos 200 anos.
Uma história que comove os seguidores e encanta os visitantes. Uma linda história de muita Fé.
Terminamos essa matéria com o hino composto por Antônio Roberto Fernandes e José Maria Mangia em comemoração aos 200 anos da Igreja Matriz de São Fidélis de Sigmaringa.
Em que nossa Matriz
duzentos anos faz.
E agradecer a Deus nosso Senhor
Dois séculos se amor,
De comunhão e paz.
Franciscano assim com vós,
Frei Ângelo e Frei Vitório
Este templo sonharam para nós.
Nas mãos dos brancos, negros e índios, as paredes puseram-se de pé.
Além do óleo de baleia, o cimento maior foi nossa fé.
Venho a Cidade, que é linda e que é Poema, florescer em torno à sua cruz”.
Veja outras fotos feitas por nossa equipe dentro e do lado de fora do templo, além da linda visão do alto da cúpula da Igreja Matriz, onde é possível avistar os bairros, Montese, Parque Tinola, Penha, Barão de Macaúbas, Cristo Rei, Ipuca, Pedreira, Chatuba, São Vicente e Vila dos Coroados e ainda, ter uma visão do Rio Paraíba do Sul.
Colaborou: Repórter Nelzimar Lacerda e Historiador Evandro Freitas